quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Memorial Erico Verissimo estará aberto para visitação a partir de terça-feira, 24


O belo prédio amarelo de seis andares do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, no coração do Centro Histórico de Porto Alegre, será referência fundamental para conhecer o  valioso acervo do autor de O Tempo e o Vento

Uma vasta coletânea com mais de três mil itens, divididos entre mais de 34 volumes originais, manuscritos, correspondências, desenhos, fotos, mapas, vídeos, filmes e fortuna crítica, compõe o rico acervo que vai ocupar dois dos seis andares do prédio construído entre 1926 e 1928, com influência da arquitetura francesa do século XX.   

Referência fundamental para quem quer conhecer a obra e o processo de criação do autor de O Tempo e o Vento e do também aclamado Olhai os Lírios do Campo, o Memorial Erico Verissimo reúne os acervos de dois amigos do escritor: o jornalista e bibliógrafo, Mário de Almeida Lima, e o doutor em Letras, Flávio Loureiro Chaves, este último tinha convivência muito próxima e foi quem organizou o segundo volume de memórias de Erico, Solo de Clarineta, inacabado por ocasião de sua morte súbita, em 28 de novembro de 1975 

Originais, Linha do Tempo, mapas em 3D e espaço para público infantil

No terceiro andar do Centro Cultural, os visitantes terão a oportunidade de conhecer originais de obras como Fantoches, uma coletânea de histórias que marcou a sua estreia em 1932, a novela Noite, o segundo livro da trilogia O Tempo e O Vento, O Retrato, publicado em 1951, o segundo volume da autobiografia Solo de Clarineta, e o espaço Nanquinote, dedicado às crianças. Também será revelador conhecer detalhes do seu processo de trabalho, como as rasuras de seus textos feitas à mão, em diferentes cores a cada revisão. “Temos manuscritos todos com apontamentos, com avanços e recuos que nos permitem perceber que um livro não nasce pronto, é fruto de um trabalho minucioso que pode demorar muito, como O Tempo e O Vento, que levou 15 anos para ser concluído”, exemplifica a doutora em Letras e professora da UFRGS, Márcia Ivana de Lima e Silva, coordenadora do projeto.

Outra notável curiosidade que pode ser conferida sobre a maneira de delinear suas histórias, é o costume que o escritor tinha de desenhar personagens e lugares, a exemplo do mapa da cidade fictícia, onde se passa Incidente em Antares, e o mapa de El Sacramento, cenário de O Senhor Embaixador. A geografia dos lugares estará exposta em 3D, no centro deste andar, e lá será possível identificar, no caso de Incidente em Antares, o coreto, as mansões das famílias Vacariano e Campolargo e a loja do sapateiro comunista. “O pai tinha mesmo esse costume de desenhar. Ao criar um romance, ele esboçava no papel as personagens para torná-las mais reais, palpáveis”, relembra o filho, também escritor, Luis Fernando Verissimo.

Ainda no terceiro pavimento será exibida uma linha do tempo, construída a partir de recursos iconográficos, que traça um paralelo entre acontecimentos históricos e a vida do escritor. A interatividade será estimulada por uma ilha de computadores e pelo acesso a vídeos, entrevistas, filmes e depoimentos. De acordo com o curador do projeto, o bibliófilo Waldemar Torres. “É um espaço para um público bastante amplo, para todas as idades. O objetivo é ousado, mas a ideia é bem essa: cada público vai absorver aquilo que é capaz”, diz.

Biblioteca O Continente , lugar para pesquisas e mergulho na obra do escritor

No sexto andar,  o tradicional espaço de consulta do CCCEV, a Biblioteca O Continente, ganhará novas instalações e mobiliário, dedicados a exibir parte da coleção. Será um espaço destinado a estudos e pesquisa tanto para acadêmicos como para o público em geral. “O Memorial tem características únicas pela tecnologia e democratização de materiais com a importância dos que disponibilizaremos de maneira presencial e virtual. Tudo estará digitalizado e disponível também pela internet”, explica Regina Leitão Ungaretti, diretora do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo.

O Memorial, que apresenta um dos maiores ficcionistas brasileiros e um dos autores mais traduzidos no mundo, foi possível graças à iniciativa e ao envolvimento do CCCEV e aos patrocínios do Grupo CEEE, Gerdau e Pro-Cultura RS. A produção cultural é assinada pela Backstage.


FICHA TÉCNICA DO MEMORIAL ERICO VERISSIMO
Realização:  Centro Cultural CEEE Erico Verissimo.
Patrocínio: Grupo CEEE, Gerdau e Pro-Cultura RS
Coordenação: Márcia Ivana de Lima e Silva (Instituto de Letras/UFRGS)
Curadoria: Waldemar Torres (Bibliófilo)
Produção cultural: Backstage



SOBRE ERICO VERISSIMO (Cruz Alta, 17/12/1905 – Porto Alegre, 28/11/1975)
§  Erico Verissimo nasceu em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, em 17 de dezembro de 1905. Após tentar a vida no interior gaúcho como farmacêutico, a exemplo do pai, e professor de inglês, se muda para Porto Alegre em 1930, onde é contratado para ser editor da Revista do Globo, o que muda a sua vida. 
§  Na editora Globo, dedica-se à tradução de clássicos da literatura estrangeira até que, em 1932, reúne contos no volume Fantoches, sua estreia como ficcionista.
§  Ao todo, publicou mais de 30 títulos, entre romances, ensaios literários, crônicas de viagens e autobiografias. A obra-prima do cruz-altense levou 15 anos para ser concluída. O Tempo e o Vento retrata, em três volumes – O Continente, O Retrato e O Arquipélago – a saga das famílias Terra e Cambará entre os anos de 1745 e 1945. Tornou-se o grande romance épico sobre a formação do Rio Grande do Sul.
§  Erico morre em 28 de novembro de 1975, vítima de um infarto, deixando inacabado o segundo volume de sua biografia Solo de Clarineta, publicado postumamente com a organização de Flávio Loureiro Chaves.
§  Várias de suas obras são adaptadas para a televisão e o cinema, e seus livros foram traduzidos para inglês, francês, alemão, espanhol, finlandês, holandês, húngaro, indonésio, italiano, japonês, norueguês, polonês, romeno, russo, sueco e tcheco, o que fez de Erico Verissimo um dos escritores brasileiros mais lidos no mundo.
§  Diversas passagens de sua obra atestam a influência que a música exercia em sua vida, levando-o mesmo a afirmar que, não fosse escritor, gostaria de ter sido músico. Às vezes esta presença está marcada de forma explícita, como é o caso do romance Música ao Longe, do livro infantil O urso com Música na Barriga ou  do conto Sonata..  


Um comentário: