Dirigida por Henrique de Freitas Lima, a película será exibida pela primeira vez no dia 26 de agosto, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (CCCEV), em data próxima ao encerramento da exposição que reúne obras do artista plástico bageense.
Parceria entre o artista plástico Danúbio Gonçalves e o diretor de cinema Henrique de Freitas Lima, o primeiro episódio da Série Grandes Mestres está chegando às telas. Às 20h do próximo dia 26, às vésperas do término da exposição com obras de Danúbio Gonçalves – que pode ser conferida até 28 de agosto, na Sala O Arquipélago, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (CCCEV) – haverá a primeira exibição pública, para convidados, de Danúbio, projeto que documenta a trajetória deste pintor, desenhista e gravador bageense que eternizou, em seus quadros, a elaboração do charque, os árduos afazeres dos mineiros de Butiá, o balonismo e a beleza da natureza campeira, entre outros temas.
As primeiras tomadas foram realizadas em Torres, espécie de segundo lar de Danúbio, acompanhando sua relação com a cidade e os festivais de balonismo que geraram duas grandes séries de pinturas. A estas cenas, seguem-se tomadas alternadas no atelier do artista, no bairro de Petrópolis, em Porto Alegre, e em Bagé. A grande atração do filme é o encontro de Danúbio com uma das maiores influências de sua carreira: o México e seus artistas engajados, conhecidos pelas pinturas e murais, como Diego Rivera, José Clemente Orozco e David Siqueiros.
As primeiras tomadas foram realizadas em Torres, espécie de segundo lar de Danúbio, acompanhando sua relação com a cidade e os festivais de balonismo que geraram duas grandes séries de pinturas. A estas cenas, seguem-se tomadas alternadas no atelier do artista, no bairro de Petrópolis, em Porto Alegre, e em Bagé. A grande atração do filme é o encontro de Danúbio com uma das maiores influências de sua carreira: o México e seus artistas engajados, conhecidos pelas pinturas e murais, como Diego Rivera, José Clemente Orozco e David Siqueiros.
Integrante da geração que chegou à idade adulta na quarta década do século XX, Danúbio, a exemplo de seus contemporâneos Carlos Scliar, Vasco Prado, Glênio Bianchetti e Glauco Rodrigues, foi influenciado, ainda, pelo grupo reunido no Taller de Arte Grafica Popular, sob a liderança do gravador Leopoldo Mendez. A arte de Mendez e seu grupo, com quem Carlos Scliar conviveu na Europa durante o Congresso dos Artistas e Intelectuais pela Paz de Varsóvia, em 1948, forneceu a matéria-prima para iniciativas coletivas como o Clube de Gravura de Porto Alegre, do qual Danúbio participou. No momento em que o grupo buscava uma arte figurativa, passível de se contrapor ao modelo que se impunha a partir do Abstrativismo e das Bienais de São Paulo, o exemplo dos mexicanos foi seguido.
No México, a equipe de filmagem registrou a visita de Danúbio a espaços variados, como as casas, estúdios e museus de Frida Kahlo e Diego Rivera, as pirâmides de Teotihuacán e feiras populares como o Jardin del Arte. O ápice da viagem foi a troca de experiências com o gravador e mestre impressor Mario Reyes, 84 anos, em cujo atelier circulam os mais importantes artistas mexicanos. No documentário, Danúbio e Reyes compartilharam técnicas, fizeram gravuras juntos e falaram sobre seus pontos em comum, a exemplo da figura feminina, a qual ambos dedicaram grande parte de sua carreira.
A película contou com a participação de nomes consolidados nas expressões artísticas do Sul do Brasil: Alfredo Nicolaievski, Anico Herscovitz, Miriam Tolpolar, Maria Tomaselli, Helena Kanaan, Wilson Cavalcanti e Paulo Chimendes. Danúbio abre a Série Grandes Mestres e será seguido por outros episódios, que irão mostrar ao grande público a trajetória dos artistas gaúchos através da linguagem cinematográfica, diversa da televisiva. Ao ser exibido nas salas de cinema de arte, pretende recriar nestes ambientes o encantamento que o convívio com o artista e sua obra gera entre os que se sensibilizam por sua trajetória ímpar. O projeto recebeu o apoio do Fundo de Apoio à Cultura de Porto Alegre (FUMPROARTE) e da Prefeitura Municipal.
Saiba mais sobre o projeto
No fim dos anos 80, o diretor Henrique de Freitas Lima foi convocado pela crítica de arte e gestora cultural Evelyn Ioschpe para uma tarefa especial: um novo projeto da Fundação Iochpe, com sede em São Paulo e de abrangência nacional, denominado Arte na Escola, cuja proposta consistia em buscar uma forma eficiente de educar através do uso de vídeos sobre o fazer artístico, que pudessem ser usados em sala de aula, aliados a materiais pedagógicos produzidos por especialistas. No período que exerceu esta função, quando aperfeiçoou seu olhar e o aproximou das artes visuais, o cineasta licenciou para a Fundação mais de 300 títulos, garimpados no Brasil e Exterior. Henrique constatou, entretanto, o quanto era insignificante a documentação dos artistas do Sul do País, lacuna que precisava ser preenchida. A Fundação não tinha entre suas metas a produção de documentários.
Muitos filmes depois, Henrique conheceu Danúbio Gonçalves através de José Antonio Mazza Leite, que o levou à pré-estréia de Concerto Campestre (2004), longa dirigido pelo cineasta que reconstituiu a época áurea do charque e reconstituiu a novela de Luiz Antônio de Assis Brasil. Danúbio, autor da série de xilogravuras Xarqueadas, era, à época, o principal doador do pequeno Museu do Charque, empreendimento de um grupo que tenta manter viva a herança desta atividade em Pelotas. Henrique doou material do filme para o museu, como a maquete da charqueada realizada a partir de uma gravura de Jean Baptiste Débret, que data de 1828, adereços e figurinos.
Muitos filmes depois, Henrique conheceu Danúbio Gonçalves através de José Antonio Mazza Leite, que o levou à pré-estréia de Concerto Campestre (2004), longa dirigido pelo cineasta que reconstituiu a época áurea do charque e reconstituiu a novela de Luiz Antônio de Assis Brasil. Danúbio, autor da série de xilogravuras Xarqueadas, era, à época, o principal doador do pequeno Museu do Charque, empreendimento de um grupo que tenta manter viva a herança desta atividade em Pelotas. Henrique doou material do filme para o museu, como a maquete da charqueada realizada a partir de uma gravura de Jean Baptiste Débret, que data de 1828, adereços e figurinos.
A partir de interesses comuns, a amizade entre o cineasta e o artista, hoje com 85 anos e em plena atividade, gerou a abertura da série de televisão Contos Gauchescos. A partir de desenhos de Danúbio, as imagens foram animadas e musicadas por Sérgio Rojas, que compôs especialmente a Milonga para João Simões Lopes Neto, gravada com a participação da gaita de Renato Borghetti. A convivência motivou Danúbio a ter sua trajetória documentada pelo amigo Henrique de Freitas Lima.
Saiba mais sobre Danúbio Gonçalves
Nascido em 1925, Danúbio se mudou para o Rio de Janeiro aos dez anos de idade, onde permaneceu por 14 anos. Ao longo de sua carreira, visitou países do bloco comunista, rejeitou a Bienal de São Paulo e o Abstracionismo, defendendo uma arte regional, de cunho social, próxima ao Realismo Socialista. Em 1943, estudou com Cândido Portinari e fez cursos de gravura em metal, com Carlos Oswald, e de xilogravura, com Axl Leskoschek, importantes gravadores residentes na capital fluminense.
Sob a orientação de Portinari, desenhou modelo vivo com artistas como Iberê Camargo e freqüentou o atelier do paisagista e pintor Roberto Burle Marx e do escultor August Zamoyski além de ter estudado na Sociedade Brasileira de Belas Artes. No seu retorno a Bagé, conheceu Glauco Rodrigues e Enio Bianchetti e, com eles, fundou o Clube de Gravura de Bagé. Em 1950, viajou a Paris onde realizou estudos na Academie Julian.
Sob a orientação de Portinari, desenhou modelo vivo com artistas como Iberê Camargo e freqüentou o atelier do paisagista e pintor Roberto Burle Marx e do escultor August Zamoyski além de ter estudado na Sociedade Brasileira de Belas Artes. No seu retorno a Bagé, conheceu Glauco Rodrigues e Enio Bianchetti e, com eles, fundou o Clube de Gravura de Bagé. Em 1950, viajou a Paris onde realizou estudos na Academie Julian.
Na volta ao Brasil, em 1951, participou, em Porto Alegre, do Clube Amigos da Gravura, fundado por Carlos Scliar e Vasco Prado. Até 1969, Danúbio dedica-se ao mosaico, assinando obras em painéis na Igreja de São Roque, em Bento Gonçalves, no Santuário do Sagrado Coração de Jesus, junto ao túmulo do padre Réu, em São Leopoldo, e na igreja de São Sebastião, em Porto Alegre.
Danúbio foi professor de gravura do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio de Grande do Sul (UFRGS) e diretor do Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre. Entre 70 e 78, ministrou palestras e cursos de xilogravura, litografia, desenho e pintura nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Em 1992 recebeu o Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre, concedido pela Câmara Municipal de Vereadores. No mesmo ano, ilustra Perótica, portfólio com poesias de Luís Coronel e, em 1995, publica Do Conteúdo à Pós-Vanguarda, editado pela Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre.
A obra de Danúbio Gonçalves está presente em diversas coleções particulares e acervos referenciais, a exemplo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Museu de Arte Moderna de São Paulo, entre outros.
Confira a mostra “Aos Grandes Mestres – Danúbio Gonçalves”, em cartaz no CCCEV
A elaboração do charque, os árduos afazeres dos mineiros de Butiá, o balonismo, a beleza da natureza campeira. Estes e outros temas integram a exposição “Aos Grandes Mestres – Danúbio Gonçalves”, que estará em cartaz no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (CCCEV) até 28 de agosto e que possibilita aos visitantes a experiência de olhar o mundo através da alma do pintor, desenhista e gravador bageense Danúbio Gonçalves, um dos mais importantes artistas plásticos do Estado. Na Sala O Arquipélago, a mostra reúne 62 quadros nas técnicas de pintura a óleo, desenho a lápis, xilogravura, litogravura e aquarela.
Obras em acrílico sobre tela do artista já foram atração no Centro Cultural do Grupo CEEE em 2008, na mostra Balonismo II, tema que desperta entusiasmo no pintor, que, desde 1997, participa dos festivais de balonismo que acontecem em Torres. Nesta oportunidade, o público confere, além dos trabalhos acerca deste esporte aéreo praticado com um balão de ar quente, as séries Xarqueadas e Mineiros de Butiá, que consistem em xilogravuras; Marrocos, de litografias; Temas Campeiros, com temática sobre a vivência do artista nas estâncias da região da Campanha, Figuras Femininas e Retratos – série que engloba até uma pintura do escritor alagoano Graciliano Ramos, datada de 1951.
A curadoria está a cargo de Ediolanda Liedke, que idealizou a mostra com base nas filmagens para o documentário Danúbio, dirigido pelo cineasta Henrique de Freitas Lima. A vida e a obra do artista são apresentadas, portanto, em linguagem semelhante ao filme. Está disponível, ainda, um caderno de Danúbio com desenhos de observação das viúvas e pescadores da vila portuguesa de Nazaré. “Na vida de Danúbio, estes cadernos substituem a utilização da máquina fotográfica. Folheá-los é fascinante e um privilégio”, explica Ediolanda. A exposição “Aos Grandes Mestres – Danúbio Gonçalves” é uma realização do projeto Arte SESC – Cultura por Toda a Parte, que conta com a parceria da Freitas Lima Consultores Associados e do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo. O horário de visitação do CCCEV é de terças a sextas-feiras, das 10h às 19h, e aos sábados, das 11h às 18h. A entrada é franca.
O que: Aos Grandes Mestres - Danúbio Gonçalves.
Quando: de 28 de julho a 28 de agosto.
Onde: Sala O Arquipélago, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, localizado à Rua dos Andradas, 1223, Centro Histórico.
Quanto: entrada franca.
Realização: SESC-RS.
Apoio: Freitas Lima Consultores Associados e Centro Cultural CEEE Erico Verissimo.
O que: primeira exibição pública, para convidados, da Série Grandes Mestres - Danúbio.
Quando: 26 de agosto, às 20h.
Onde: Auditório Barbosa Lessa, no 4º andar do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, localizado à Rua dos Andradas, 1223, Centro Histórico.
Quanto: entrada franca.
Ficha Técnica do filme
Produção e direção: Henrique de Freitas Lima.
Roteiro: Henrique de Freitas Lima e Pedro Zimmermann.
Fotografia e Câmera: Eduardo Amorim.
Direção de Produção: Gina O’Donnell.
Montagem: Pedro Zimmermann e Eduardo Pua.
Música: Felipe Azevedo.
Edição de Som: Kiko Ferraz.
Produção no México: Aurelie Semichon e Francisco Montellano.
Coordenação Administrativa: Carmem Curval.
Secretaria de Produção: Raquel Matos.
Produtores Associados: Start Vídeo Produções, APEMA, Drops Mídias Digitais, Animake e Filmoteca da UNAM – México.
Realização: Cinematográfica Pampeana.
Apoio: FUMPROARTE, Prefeitura de Bagé, SESC-RS e Programa de Intercâmbio do Ministério da Cultura.
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