segunda-feira, 29 de julho de 2013

As Polacas – Flores do Lodo, dias 16 e 17 no CCCEV


Quase esquecida nos porões da memória, a vida das jovens judias prostitutas do Leste Europeu, que imigraram no século XIX para as Américas, boa parte aliciada pela rede Zwi Migdal, de tráfico de mulheres, entra em primeiro plano no espetáculo As Polacas – Flores do Lodo, que estreia em Porto Alegre nos dias 16 e 17 de agosto, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (CCCEV), localizado na Rua dos Andradas,1223, às 20 horas. Após as apresentações, serão realizados bate-papo dos atores e diretor com o público. 
Divulgação CCCEV
A estreia em Porto Alegre é uma promoção do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo e Funarte.

Moacyr Scliar (1937- 2011) foi pioneiro em abordar na sua literatura este assunto. Com a obra de ficção O Ciclo das Águas (1975), o gaúcho se tornou o primeiro autor judeu brasileiro a ir contra o tabu que cercou essas mulheres por mais de cem anos.

O espetáculo, idealizado pela atriz Luciana Mitkiewicz, com texto e direção do consagrado João das Neves, coloca no palco samba e polca, dor e humor e uma narrativa original que alinha as prostitutas judias e negras como protagonistas de uma surpreendente história, tendo como elo fatos reais regados a doses de ficção. As Polacas – Flores do Lodo circulou nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo em 2011 e 2012. Para 2013, recebeu o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz/ 2013 para circulação nas cidades de Belo Horizonte, Curitiba, Campinas e Porto Alegre. Também este ano, apresenta-se em cidades do interior de São Paulo, no Projeto Viagens Teatrais do Sesi/SP.

ELENCO – Formado por 11 atores, o elenco une gerações do teatro brasileiro, com nomes como Beth Zalcman, Iléa Ferraz, Wilson Rabelo, Eduardo Osorio (Boa Companhia, de Campinas), Carla Soares, Lígia Tourinho, Felipe Habib, Guilherme Tomaselli, Rodrigo Cohen e Luciana Mitkiewicz. As Polacas – Flores do Lodo conta com o primeiro time do teatro nacional na criação: os cenários são de Hélio Eichbauer, a direção musical é de Alexandre Elias e a preparação corporal de Angel Vianna e Marito Olsson-Forsberg. A consultoria judaica é de Frida Zalcman (assistente do rabino Nilton Bonder).

CENÁRIO – A trama se passa na Praça Onze, berço do samba e da boemia carioca. A história vai e vem no tempo, sem obedecer a uma cronologia precisa. Fato é que as polacas desembarcaram no Brasil fugindo da fome e da perseguição religiosa. Pobres, longe da família, semi-analfabetas e sem saber falar o idioma, foram discriminadas pela própria comunidade judaica e, de início, também pelas prostitutas locais que temiam a nova concorrência. Da rotina amarga sobrou coragem para mudarem o rumo da realidade: elas criam uma associação de apoio mútuo e erguem o próprio cemitério, ajudando a promover a cultura e religião judaica entre os brasileiros. João das Neves conta essa história por um novo viés, misturando samba e música judaica, negros e brancos. “Não é um musical, a palavra é o ponto alto do espetáculo. Mas tirei partido sim do contexto, afinal a peça se situa entre duas culturas muito musicais”, conta o diretor. Assim, surge no palco primeiro a rivalidade entre as prostitutas estrangeiras e brasileiras. Em seguida, a transformação do estranhamento em amizade e laços de solidariedade.

Do roteiro musical fazem parte canções originais, especialmente compostas pelo diretor musical Alexandre Elias, além de samba, polca, maxixe, milonga e músicas judaicas.

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